A medição de pH é de longe a variável mais monitorada entre todas na categoria analítica em processos industriais. Embora seja uma medição bastante comum em vários segmentos industriais, nota-se muita desinformação a respeito dos cuidados a serem tomados, e como realizar corretamente este tipo de medição. A falta desse conhecimento a respeito de como tratar esta variável analítica acarreta sérios problemas no resultado final da medição, podendo levar também a perda de investimento, como no caso de trocas de sensores danificados por manipulação ou instalações incorretas.

Em minhas experiências presenciei várias situações que colaboraram para diminuir, e até mesmo impossibilitar, a qualidade e confiabilidade da informação gerada a partir do sistema de medição de pH.

Posso afirmar que a informação vinda de um sistema de medição de pH depende principalmente de quatro importantes aspectos que relaciono abaixo:

  1. a qualidade do sistema de medição de pH adquirido pelo cliente.

Sensores de baixa qualidade aplicados em processos industriais, que normalmente exigem robustez do sensor, são um ponto frequente de problemas por exigirem trocas mais frequentes, o que implica em paradas do processo e, portanto, “gaps” no controle e registros das informações, além de novos investimentos na aquisição de sensores que normalmente não seriam necessários se a escolha inicial fosse por um fornecedor de boa qualidade.

  1. a especificação correta do sistema de medição.

O sensor de pH tem que estar adequadamente selecionado para a aplicação em questão. Esta etapa depende muito das informações passadas pelo cliente ao fornecedor, que por sua vez utilizará estas informações para especificar o melhor sensor de pH entre as possibilidades de oferta existente na sua linha. O ideal aqui é que o cliente preencha um questionário técnico, onde estarão colocadas todas as informações necessárias para a escolha do melhor tipo de sensor por parte da equipe de engenharia de aplicação do fornecedor

  1. a instalação do sensor no ponto de medição.

Sensores instalados de forma incorreta, seja pelo tipo de sonda utilizada para esse fim, ou pelo ponto de medição escolhido, também podem gerar informações não confiáveis do processo analisado.

Para algumas aplicações é ainda recomendável a utilização de sistemas de limpeza automática, que permitem que o sensor seja limpo sem que haja a necessidade de retirada do mesmo do local de medição, diminuindo assim a frequência de manutenção “manual” do sensor. Esse tipo de sistema também deve estar devidamente disponível, e em boas condições de operação, para garantir uma medição confiável e de qualidade.

  1. a correta calibração e manutenção do sensor em campo.

Outro ponto crucial é a correta calibração e manutenção do sensor. Um sensor de pH precisa de calibrações com relativa frequência em função do tipo e condições de processo, e isso pode implicar na retirada do sensor do ponto de medição para calibração e a devida manutenção, limpeza, do mesmo. Esse procedimento requer, além do conhecimento da metodologia utilizada para calibração de pH, buffers técnicos (soluções tampão) de boa qualidade, e inclui aspectos técnicos, conhecimento, para limpeza do sensor (manutenção).

A equipe de instrumentistas do cliente deve ter os conhecimentos necessários para executar corretamente tanto a calibração como a manutenção do sensor, que se fazem necessárias periodicamente. Isso implica em um treinamento dessa equipe, que pode não estar habituada a lidar com variáveis analíticas, e em particular com o sensor de pH, que por ser de vidro, requer cuidados e atenção diferenciados. O próprio fornecedor do sistema de medição pode ministrar esse treinamento, de maneira a preparar a equipe de campo para executarem as intervenções de forma correta.

Conclusão.
Se os aspectos técnicos aqui comentados, a respeito do sistema básico de medição de pH, não forem devidamente observados, todas as conclusões feitas a partir das análises dos dados de controle do sistema de pH podem ser enganosas, resultando em retrabalhos e perdas, e podem influenciar de maneira decisiva na qualidade e confiabilidade das informações disponibilizadas para sistemas de análise de dados locais, ou mesmo feitos de forma remota (análise disponibilizada em computadores – “nuvem”).

Eng. Sérgio Rudiger – Gestor de Produtos de Analítica na Digitrol

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